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domingo, janeiro 29, 2012

Entidades avaliam que subfinanciamento e falta de infra-instrutora afastam profissionais da área médica.
Veja no Jornal o Mossoroense

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O Conselho Regional de Medicina (CRM) aponta que há 354 médicos ativos em Mossoró, um número razoável para uma cidade de aproximadamente 259 mil habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda no mínimo um médico para mil habitantes. Na capital do Oeste, portanto, a meta seria atingida com 259 profissionais não fosse o agravante óbvio: cidades-polo concentram servidores dos municípios vizinhos e, no caso de um estado pobre como o Rio Grande do Norte, isso significa a inexistência do serviço em algumas localidades.
Num cálculo superficial, o número de pessoas atendidas por esses pouco mais de 350 médicos poderia passar a 500 ou 600 mil - visto que Mossoró polariza uma região com mais de 60 cidades. Os dados provocam à reflexão, mas se fosse o único problema deixaria felizes os profissionais que atuam por aqui. O subfinanciamente e a falta de planejamento público apropriado - grandes problemas do setor, segundo profissionais da área - provocam no país um sucateamento da infraestrutura e prejudicam a qualidade do atendimento. No interior potiguar é motivo de fuga dos médicos.
"Já ouvi várias histórias de profissionais que vêm para Mossoró e quando se deparam com a situação, voltam. Isso decorre do subfinanciamento da saúde, para a qual sempre há pouca verba. Então, os problemas se acumulam", diz o presidente da Associação Médica de Mossoró (AMM), João Batista. O caminho de profissionais para as capitais é natural, opina Batista, pois é lá que o profissional vai encontrar melhores condições de trabalho, de salário e de qualidade de vida. "O profissional tende a procurar isso, por isso a ausência de médicos no interior", completa.
ara o presidente do CRM, Jeancarlo Fernandes, a cidade poderia, pelo desenvolvimento econômico que vem apresentando, atrair profissionais, mas falta um maior estímulo por parte do poder público. "Mossoró tem dificuldade de fixar o profissional porque não oferece incentivo, não só do ponto de vista salarial, mas do atendimento mesmo. Explico: fazer uma anestesia numa criança é um processo no qual muitas vezes requer uma UTI pediátrica para o pós-operatório, o que nem sempre é oferecido. Para fazer uma cirurgia cardíaca, também tem que ter uma base de UTI e a cidade não tem a quantidade de leitos necessários", diz.
Problemas existem há muito tempo, mas soluções efetivas nunca foram apresentadas. Obstetrícia, pediatria, cirurgia e ortopedia são áreas cuja deficiência há muito tempo é companheira dos mossoroenses. Que o diga quem precisa usar os serviços do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM). A unidade se transformou em referência quando o assunto é deficiência no setor de ortopedia, principalmente no velho problema das escalas de plantão, nunca preenchidas adequadamente, num problema qualificado por João Batista como "histórico". Pediatria e cirurgia não ficam atrás, como explica Fernandes.
"Na cirurgia, por exemplo, nós só temos dois profissionais de plantão no HRTM, quando o ideal seria no mínimo três. Por quê? Porque na hora que vai se operar são necessários justamente dois médicos. Então, o plantão fica descoberto. Se chegar um paciente, ele precisa esperar que a cirurgia acabe para ser atendido. Em todas essas especialidades há poucos profissionais para uma cidade como Mossoró", comenta.
O diretor administrativo da Clínica de Anestesiologia de Mossoró (CAM), Ronaldo Fixina, diz que muitas vezes pensa-se que o principal problema é a quantidade de profissionais, quando na verdade passa mais pela valorização. "A quantidade de anestesiologistas não é um problema. Por isso, pode até parecer que faltam profissionais na área de anestesiologia. O que falta, na verdade, é uma política de valorização do nosso trabalho. Você acha que se houvesse um salário bom, digno, pago em dia faltava pediatra aqui em Mossoró?", questiona.
Atenção à saúde básica poderia amenizar deficiências no setor. Os profissionais convergem quanto a um ponto: a gravidade da situação é crescente pela falta de investimento na atenção à saúde básica. "Uma das soluções seria o governo investir na saúde básica. Por não ter assistência básica, muitos pacientes procuram serviços de urgência mesmo para resolver casos simples", explica o presidente do CRM. João Batista, presidente da AMM, concorda: "Na hora que a atenção básica tem deficiência, é claro que agrava a situação dos pronto-socorros."
Apesar disso, na opinião de Batista, não há melhora viável sem aumento de verba. "A primeira providência seria melhorar o financiamento. Com relação a isso, tivemos recentemente aprovada a Emenda 29 (Emenda Constitucional que define o que são considerados gastos com saúde), embora com alguns vetos. Se esse dinheiro for totalmente aplicado na saúde a coisa poderia funcionar melhor. Além disso, temos um problema da falta da qualidade de gerenciamento: os critérios políticos deviam ser substituídos pelos critérios técnicos".
Ronaldo Fixina é mais enfático: "Esse problema ocorre basicamente por falta de gestão. Essa área da saúde é muito carente. Se houvesse um planejamento como há, por exemplo, na área de segurança nas grandes festas, talvez a saúde não ficasse tão desamparada. Falta vontade política".


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