Prazo excede e juíza manda soltar PMs acusados de 16 mortes
no RN
Operação 'Thanatus' prendeu 15 pessoas em 2015; Destes, 11
são PMs.
Segundo advogada, após quase 1 ano de prisão, 'MP não provou
nada'.
Operação 'Thanatus' foi deflagrada em dezembro de 2015 (Foto:
Divulgação/PF)
Treze das 15 pessoas presas durante a operação 'Thanatus',
deflagrada pelo Ministério Público e Polícia Federal do Rio Grande do Norte em
dezembro do ano passado, tiveram alvarás de soltura expedidos nesta
segunda-feira (14) e foram soltas. Entre elas, estão nove policiais militares.
Todas são acusadas de fazerem parte de um grupo de extermínio apontado como
responsável por pelo menos 16 assassinatos. Segundo a juíza Ada Maria da Cunha
Galvão, titular da 5ª Vara Criminal de Natal, a liberdade foi concedida em
razão de excesso de prazo.
"Outros dois PMs envolvidos na investigação continuam
presos por responderem a outros processos", acrescentou a advogada.A
advogada Kátia Nunes, que trabalha na defesa de um dos PMs, disse ao G1 que o
prazo legal para as prisões em questão é de 81 dias. “Quase um ano se passou e
até agora o processo não evoluiu. Após todo este tempo, o Ministério Público
não provou nada e não apresentou nada que comprometesse a conduta destes
policiais. Atrevo-me a dizer que tudo o que foi dito e levantado até agora
contra estes policiais foi feito na base do achismo. A juíza está de parabéns
pela coerência e sensatez”, comentou.
'Personificação da morte'
A operação 'Thanatus' foi deflagrada no dia 8 de dezembro de
2015. Segundo o MP, as investigações revelam que o grupo de extermínio é
responsável por 16 homicídios ocorridos entre os anos de 2011 e 2015 em Natal e
região metropolitana. O inquérito policial concluiu que todas as mortes
investigadas tiveram características de execução.
Além dos homicídios, os suspeitos também estão sendo
investigados por tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo e munições,
receptação de produtos roubados, coação, extorsão, invasão de domicílio e
tortura.
Na época, a delegada federal Diana Calazans explicou que a
investigação foi conduzida pela Polícia Federal em conformidade com a lei
10.446/02, que permite que a PF realize investigações no âmbito estadual quando
houver violação grave aos Direitos Humanos.
A operação contou com a participação de 165 agentes da PF,
além de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de
Choque (BPChoque) da PM do Rio Grande do Norte. O termo 'Thanatus' vem da
mitologia grega e significa a “personificação da morte”.
Anderson Barbosa
Do G1 RN