Janot pede que STF desarquive investigação contra Aécio na
Lava Jato
André Richter – Repórter da Agência Brasil

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao
Supremo Tribunal Federal (STF) que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja
investigado na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. Janot também solicitou autorização para que o parlamentar preste
depoimento em até 90 dias. Os detalhes foram divulgados no final da tarde pela
procuradoria.
Na petição, o procurador pediu ao ministro Teori Zavascki,
relator da Lava Jato no Supremo, o desarquivamento de um pedido de investigação
feito contra Aécio, no ano passado, pelos mesmos fatos. Segundo Janot, a
mudança no entendimento ocorreu porque o doleiro Alberto Youssef omitiu no seu
primeiro depoimento de delação a acusação de que o senador seria beneficiário
de repasses ilegais em Furnas, empresa estatal subsidiária da Eletrobras.
Segundo o doleiro, em um segundo depoimento, Aécio recebia
valores mensais por meio da Bauruense, empresa de sua irmã, que tinha contratos
com a estatal. De acordo com Youssef, o PSDB e o PP tinham influência política
nas indicações das diretorias da estatal.
De acordo com a PGR, Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas,
operacionalizava os repasses. Segundo a procuradoria, a empresa recebeu R$ 826
milhões nos contratos com a estatal entre 2000 e 2006.
Além de Alberto Yousseff, o senador Delcídio do Amaral (MS)
também citou Aécio Neves em sua delação. No termo de delação nº 2, Delcídio
disse que o senador recebia “pagamentos ilícitos”, pagos, segundo ele, por
Dimas Toledo.
“O depoente disse que
não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos
beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves”, informou em
trecho da delação.
Paraíso fiscal
Janot também cita no pedido enviado ao Supremo uma
investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro chamada Operação Norbert,
deflagrada em 2007, que apura se Aécio Neves seria beneficiário de uma fundação
em Liechtenstein, país considerado como paraíso fiscal.
O procurador cita que foram apreendidos na investigação
documentos que comprovariam “interposição de personalidade jurídica, com o
objetivo de manter e ocultar valores no exterior”. A operação não investigou o
senador, mas durante as buscas e apreensões, documentos sobre a suposta
fundação foram apreendidos.
Aécio
Presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves disse que
“considera absolutamente natural e necessário que as investigações sejam
feitas, pois elas demonstrarão, como
ocorreu outras vezes, a correção de sua conduta”.
Na nota divulgada por sua assessoria, Aécio lembra que todas
as citações a seu nome feitas por Delcídio do Amaral foram sobre situações que
ele “ouviu dizer”, sem que nenhuma prova tenha sido apresentada pelo senador.
“Trata-se de temas antigos, que foram objeto de investigações anteriores,
quando foram arquivados, ou de temas que não guardam relação com o senador”,
diz a nota.