Cardozo: afastamento de Cunha é prova de uso do cargo em benefício
próprio
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Para o ministro-chefe da AGU, a decisão do Supremo deve ser
vista como uma “demonstração do "modus operandi” de Eduardo Cunha Marcelo
Camargo/Agência Brasil
O advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, disse
hoje (5) que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori
Zavascki, que deferiu uma liminar determinando a suspensão do mandato do
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de seu afastamento da presidência da Câmara,
é uma prova “muito importante” de que o peemedebista usava o cargo para
finalidades estranhas ao interesse da função.
“É o caso do impeachment. No caso do impeachment é
exatamente o que estamos alegando: ele usou em beneficio próprio quando ameaçou
a presidente da República que abriria o processo impeachment se não tivesse os
votos”, afirmou Cardozo, ao lembrar que o pedido de impedimento foi aceito no
mesmo dia em que deputados petistas declararam que não iriam apoiar Cunha no
processo que pede a cassação de seu mandato, em tramitação no Conselho de Ética
da Casa, desde novembro do ano passado.
As declarações foram dadas logo que Cardozo chegou ao
Senado, na manhã de hoje, onde participa, pela segunda vez, de sessão da
comissão especial que analisa o afastamento de Dilma. Para o chefe da AGU, a
decisão do Supremo deve ser vista como uma “demonstração de seu [de Cunha]
modus operandi” e reforça os argumentos da defesa de Dilma. “Cunha agia em
desvio de poder, para obstacularizar sua própria investigação. Agora ficou
evidenciado”, completou.
Repercussão
No meio da conversa de Cardozo com jornalistas, o senador
Jorge Viana (PT-AC), interrompeu para um manifesto súbito: “Põe em terra o
golpe!”, bradou. Pouco tempo antes, foi a vez de Lindbergh Farias (PT-RJ), um
dos protagonistas da defesa de Dilma no colegiado, fazer as apostas: “acho que
ele [Cunha] vai ser preso e fico imaginando a hipótese de uma delação premiada de
Cunha”.
Farias acredita que, caso a prisão ocorra e a defesa de
Cunha consiga costurar um acordo com a Justiça para que possa fornecer mais
informações sobre as investigações da Lava Jato, o “[o vice-presidente, Michel]
Temer cai”, apostou. Caso o processo de impeachment da presidenta Dilma avance
e ela seja impedida de governar, Temer assume a presidência.
Para Lindbergh a decisão do STF demorou a ser anunciada.
“Deixaram ele fazer o serviço sujo. Se tivessem feito isto antes não haveria
impeachment”, avaliou.