Teori pede redistribuição dos pedidos abertura de inquérito
contra Aécio e Cunha
Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil

O ministro Teori Zavascki, relator dos processos relativos à
Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu à Presidência da
Corte a redistribuição dos pedidos de abertura de inquérito contra o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
Em despacho, Teori disse não ver “relação de pertinência
imediata” da representação criminal apresentada pela Procuradoria-Geral da
República contra Aécio e Cunha, apesar de os indícios contra os dois
parlamentares terem surgido em meio às investigações da Lava Jato.
Conforme manifestação do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, ao STF no pedido de abertura de inquérito contra Aécio, além das
acusações contra o tucano feitas pelo doleiro Alberto Yousseff em delação
premiada, surgiram “fatos novos” a partir da delação do senador cassado
Delcídio do Amaral.
Em delação homologada pelo STF, Youssef disse,
primeiramente, que o PSDB, por intermédio do senador Aécio Neves, “possuía
influência” em uma diretoria de Furnas, juntamente com o PP, e havia o
pagamento de valores de empresas contratadas.
Em segundo depoimento, o doleiro declarou que o PSDB, por
meio de Aécio Neves, “dividiria uma diretoria em Furnas” com o PP, por meio de
José Janene. Youssef disse ainda que Aécio também “teria recebido valores
mensais”, por meio de sua irmã, de uma das empresas contratadas por Furnas, a
Bauruense, no período entre os anos de 1994 e 2000/2001.
Arquivamento
Em um primeiro momento, Janot pediu arquivamento das
denúncias contra Aécio por “inexistência de elementos” que “corroborassem” as
declarações de Youssef”. Contudo, com a delação de Delcídio, segundo Janot,
surgiram novos elementos que indicam, “com maior robustez”, suposta prática de
crimes, “os quais seriam justificadores do aprofundamento das investigações”.
Janot, inclusive, requer juntada de documentos e realização de diligências.
Em relação a Eduardo Cunha, o procurador-geral da República
sustenta que, a partir da delação de Delcídio, há indícios da prática de
corrupção passiva qualificada e de lavagem de dinheiro relacionada a
participação do peemedebista em fraudes de contratos de Furnas.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Aécio disse estar
convicto de que as investigações comprovarão a falsidade das citações feitas e
considerou natural e necessário que investigações sejam feitas e que
demonstrarão a correção da conduta dele. Até o momento, a reportagem não
conseguiu contato com a assessoria do deputado Eduardo Cunha.