PGR pede ao Supremo autorização para investigar Dilma, Lula
e Cardozo
André Richter – Repórter da Agência Brasil
Em um procedimento que tramita de forma sigilosa, o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF)
autorização para iniciar uma investigação contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
O pedido é baseado na delação premiada feita pelo senador
Delcídio do Amaral (MS). Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta e
Lula de terem interesse em nomear, no ano passado, o ministro do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro para barrar as investigações da
Operação Lava Jato e libertar empreiteiros presos. Na época, Cardozo ocupava o
cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à
Presidência da República nomes de possíveis candidatos.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da
Lava Jato no Supremo, decidir sobre a abertura do pedido de investigação. Ainda
não há data para a tomada da decisão.
Outro lado
Em março, após a divulgação dos primeiros trechos da delação
de Delcídio, Marcelo Navarro declarou que nunca favoreceu investigados na Lava
Jato. "Tenho a consciência limpa e uma história de vida que fala por
mim", disse o ministro, na ocasião.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, divulgou
nota dizendo que as declarações do
senador Delcídio do Amaral são “levianas e mentirosas”. Para Cardozo, “a
abertura de inquérito irá demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou
com a verdade, como aliás já anteriormente havia feito quando mencionou
ministros do Supremo Tribunal Federal na gravação que ensejou a sua prisão
preventiva”.
Cardozo também lamentou que, “mais uma vez, um inquérito
silogoso tenha sido objeto de vazamento antes mesmo que quaisquer investigações
pudessem ser feitas em relação às inverdades contidas na delação premiada do
Senador”.
O Instituto Lula disse, em nota, na época da divulgação da
delação do senador Delcídio do Amaral, que o ex-presidente jamais participou direta
ou indiretamente de qualquer ilegalidade e que tem havido “jogo de vazamentos
ilegais, acusações sem provas e denúncias sem fundamentos”.