Punição sem crime é a "maior das brutalidades"
contra ser humano, diz Dilma
Paulo Victor Chagas e Yara Aquino - Repórteres da Agência
Brasil
Cercada por dezenas de ex-ministros, parlamentares e
servidores do Palácio do Planalto, a presidenta afastada Dilma Rousseff faz
neste monento um pronunciamento à imprensa em que classificou o processo contra
ela de "impeachment fraudulento".
Dilma Rousseff admitiu que pode ter cometido erros, mas
enfatizou que não cometeu crimes e que está sofrendo injustiça, a "maior
das brutalidades que pode ser cometida".
"Não cometi crime de responsabilidade. Não tenho contas
no exterior, jamais compactuei com a corrupção. Esse processo é frágil,
juridicamente inconsistente, injusto, desencadeado contra pessoa honesta e
inocente. A maior das brutalidades que pode ser cometida por qualquer ser
humano: puni-lo por um crime que não cometeu", disse.
Em falas interrompidas por aplausos e gritos de apoio, a
presidenta lembrou que foi eleita por 54 milhões de brasileiros e disse que o
que está em jogo não é somente o seu mandato.
"O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o
respeito às urnas. À vontade soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São
as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo é a proteção às crianças,
jovens chegando às universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o
futuro do país, esperança de avançar cada vez mais. Quero mais uma vez
esclarecer fatos e denunciar riscos para país de um impeachment fraudulento. Um
verdadeiro golpe", declarou.
Em instantes, a presidenta vai sair do Palácio do Planalto
pela porta principal que fica no térreo do prédio. Em um cercado próximo à
rampa, servidores da Presidência, em sua maioria mulheres, vão recepcioná-la e
a acompanharão até a avenida em frente ao Planalto, onde estão concentrados
milhares de manifestantes de apoio a ela. De cima de uma estrutura montada,
Dilma vai fazer outro discurso condenando o processo que classifica como golpe.